Alguns dias são mais cinzas e
racionais, neles só queremos a calma e a serenidade. Em outros, tudo que
queremos é mergulhar no verde dos olhos de alguém e nos perder na insanidade.
Sim, alguns sentimentos entorpecem e nos tiram do chão. São aqueles dias loucos
mas necessários, em que tudo que esperamos é acordar dos sonhos e que o mundo
não tenha desabado sobre nossas cabeças. Dias acabam, sonhos também, mas
sensações são eternas e algumas delas não cabem em palavras. Tem olhares que
não podem ser descritos, apenas vistos. Tem loucuras que não dá para falar, a
gente só vive.
Reza a lenda que nós, seres
humanos, somos seres racionais, mas quem nunca se viu completamente sem chão
diante do sorriso de alguém que atire a primeira pedra. Às vezes a gente só
precisa de um estímulo extra para viver. Esse estímulo pode ser um abraço, umas
palavras, uns sons ou apenas um olhar. A verdade é que chegam certos momentos
na vida -e para mim esse momento é 2016- que não podemos nos dar ao luxo de
sermos 100% razão. Para sobreviver às nossas dores pode ser necessário recorrer
à nossa própria loucura.
Hot summer nights, mid
July
When you and I were
forever wild
The crazy days, city
lights
The way you'd play with
me like a child
Músicas parecem ter uma vocação
natural para trilha sonora, digo isso porque sabemos muito bem que elas são
traduções ritmadas e cifradas de sentimentos - mas elas não são concebidas com
a obrigatoriedade de serem soundtrack
de vida alheia. Porém, vira e mexe a gente se pega atrelando música a pessoas,
frases a sorrisos e ritmos a olhares. Eu, como romântica irremediável (até
porque isso não é doença – é no máximo algum hormônio insano ou minha Vênus em
Áries), sou dessas bobonas que enxergo pessoas em letras de músicas. Sim, eu
vejo sorrisos e lembro de choros quando determinadas músicas tocam. É como dar play em um filme da vida, que primeiro
veio como ilusão e depois se repete como sonho.
Em 2013, Lana Del Rey e Rick
Nowels escreveram e produziram o single
Young and Beautiful para ser parte do
soundtrack para o remake de O Grande
Gatsby. As dores, a paixão e a tragédia de Daisy e Gatsby nunca poderiam ter
sido melhor descritas por uma letra porque, afinal, quem é que ainda nos ama
quando tudo que é efêmero passa? Depois que as luzes se apagam, quem fica com
você? Essa música é uma daquelas porradas no estômago que fazem a gente pensar
em quem vai se importar quando tudo que não for palpável e pagável em nossos
corpos, rostos e carteiras se esvair. Resumindo: quando os cabelos brancos
chegarem e o vigor não for mais o mesmo, quem você pode dizer, com certeza, que
vai ficar ao seu lado?
Will you still love me
When I'm no longer
young and beautiful?
Will you still love me
When I got nothing but
my aching soul?
O contraponto disso é viver
cada minuto como se fosse o último. Isso não tem nada a ver com coisificar
pessoas e dar a elas apenas funcionalidades, mas sim se permitir entregar a
quem se dispõe a amar quem você de fato é quando as a maquiagem cai e quando
seu rosto não é a captura de uma foto de rede social. Se permita amar a você mesma/mesmo.
Ame quem você quiser, na hora que você quiser e sem dar satisfações para os
fiscais de sentimento alheio. No final do dia, quem tem de lidar com as
frustrações ou com as borboletas no estômago é você... só você.
Enfim, não tem como
racionalizar. Chamem de desejo, pulsão, tesão, pico hormonal ou paixão, o fato
é que quando você sente seu interior aquecer sem aviso prévio e seu coração
disritmar sem que você acreditasse que isso fosse possível, apenas deixe
acontecer. Não temos tempo nessa vida para castrar e racionalizar nossos
sentimentos, simplesmente tem coisas que não dá para ficar cortando barato.
Vivam mais, beijem mais e caguem menos regras. Cuidem menos da vida dos outros
e façam por onde permitir a felicidade de entrar na sua. Eu desejo a vocês
canções que tragam tudo isso à tona. Eu desejo a vocês olhos traduzíveis em
canções. Eu desejo a vocês sensações inexplicáveis que façam vocês sentirem
felicidade como se fosse um sentimento único em meio a um ano caótico.
0 comentários:
Postar um comentário